domingo, 8 de março de 2009

O que é preciso saber para bem escrever?

Prof. Drª. Erika Zimmermann
Faculdade de Educação Universidade de Brasília
Departamento de Métodos e Técnicas - MTC


“Saibam que escrever é uma habilidade que pode ser desenvolvida e não um dom que poucas pessoas têm. Mas, saibam que escrever não é um fenômeno espontâneo. Escrever é um ato que exige empenho e trabalho. Como já disse acima, escrever é uma prática que se articula com a prática da leitura. Quanto mais lemos, melhor escrevemos.
Vocês têm que se convencer que escrever é necessário. O texto só tem sentido dentro de uma prática social. Assim, o que mobiliza alguém a escrever é a motivação. Motivação, neste caso, nada mais é do que a razão que se tem para escrever. Essas razões variam desde relatar experiências, escrever cartas (como esta), relatórios, narrar uma aventura, ou apenas escrever bem para ser aprovado em uma disciplina.
No caso de vocês já está estabelecida a necessidade de escrever: (...) [textos diversos, resumos, pesquisas, resenhas, projetos etc. ]. Eu sei que vocês têm procedimentos diferentes. Mas, olhe alguns desses procedimentos que escrevo abaixo e veja em qual você se enquadra ou até pode ser que você acabe percebendo uma nova maneira de proceder:
Fazer anotações soltas, independentes;
Fazer uma lista de palavras chave;
Anotar tudo que vem à mente, desordenadamente, para depois cortar e ordenar;
Elaborar um resumo rápido para depois acrescentar detalhes, exemplos e idéias secundárias;
Construir um primeiro parágrafo para desbloquear e depois ir desenvolvendo as idéias ali expostas;
Escrever a idéia principal e as secundárias em frases isoladas para depois interligá-las;
Organizar mentalmente os grandes blocos do texto e reestruturá-lo várias vezes.
Caso você utilize mais de um procedimento para iniciar seu texto, ou tenha um procedimento diferente dos enumerados acima, não se preocupe. O importante é começar a ter mais consciência de suas próprias estratégias, conhecê-las, dominá-las.
A primeira versão do texto é insatisfatória. Não tem problema, releiam com olhos, não mais de autor, mas de leitor. Tente compreender se seu leitor entenderia. Pense nos pontos obscuros, confusos, ambíguos que merecem reestruturação.
Para que vocês fiquem satisfeitos com o próprio texto de vocês um trabalho de ajuste é imprescindível. Neste momento você deve:
enfatizar as idéias principais;
reordenar as informações;
substituir idéias inadequadas;
eliminar idéias desnecessárias;
alcançar maior exatidão para as idéias;
acrescentar exemplos, conceitos, citações, argumentos;
eliminar incoerências;
estabelecer hierarquia entre as idéias;
criar vínculos entre uma idéia e outra.
Para isso é necessário:
acrescentar palavras ou frases;
eliminar palavras ou frases;
substituir palavras ou frases;
transformar períodos unindo-os por meio de conectivos ou separando-os por meio de pontuação;
acrescentar transições entre os parágrafos
mudar elementos de lugar, reagrupando-os de forma diferente;
corrigir problemas gramaticais.
Depois de algumas tentativas e rascunhos considerem o texto pronto. Mas é preciso uma última leitura para rastrear problemas em relação a norma culta (ortografia, pontuação, acentuação, concordância e regência).
(...)
Finalmente, vocês devem saber que escritores famosos submetem seus originais à leitura prévia de amigos. Pois então, antes de me entregarem os textos, peçam que alguém leia o trabalho de vocês criticamente.”



Texto dado pelo Prof. Marco Antonio - História

Desenvolvendo o hábito de estudo

O objetivo de estudar é aprender. Na escola, a aprendizagem consiste em três coisas:
Conhecer fatos e idéias novas (não apenas escutar ou decorar novos fatos ou idéias, mas entender o sentido delas, organizá-las na mente).
Integrar as novas idéias com as idéias que você já tinha para pensar sobre um assunto e compreendê-lo melhor.
Expressar novas idéias, falando ou escrevendo sobre elas.
Memorizar ou compreender?
A simples memorização é uma habilidade cada vez menos necessária nos dias de hoje, cada vez menos exigida nos exames escolares. Muitas vezes, ficamos impressionados com pessoas que conseguem guardar muitos fatos na memória, achamos que boa memória é sinal de inteligência. Na verdade, a capacidade de guardar muitos fatos na cabeça depende em grande parte do modo como organizamos esses fatos em nossas mentes.
O que distingue uma pessoa que sabe muito sobre um assunto é a quantidade de idéias que ela tem disponível para discutir sobre o assunto. Idéias que a pessoa compreende, porque estão organizadas em sua mente.

Pensar

Você organiza as idéias em sua mente quando pensa sobre elas. Seu pensamento entra em ação quando você:
Ouve atentamente o que outra pessoa está falando.
Lê um texto, procurando compreender o que o autor quis expressar.
Anota idéias que escutou ou leu e depois passa a limpo essas anotações.
Compara as idéias da outra pessoa com as suas próprias idéias, ou suas novas idéias com suas antigas idéias.
Procura resolver um problema, imaginando ou experimentando várias estratégias de solução.
Fala ou escreve integrando novas idéias ao modo como você se expressa sobre um assunto.

Expressar-se

Usar idéias novas para dizer coisas sobre o mundo também faz parte do processo de aprendizagem. Falar e escrever não servem apenas para você exibir o que aprendeu. Expressar idéias é parte do aprendizado. Você realmente domina as novas idéias quando é capaz de falar ou escrever sobre elas. Falar, e principalmente escrever, exigem uma grande atividade do pensamento.
Falar e escrever são formas de expressão bastante utilizadas na escola. Mas você também pode expressar novas idéias e novas formas de compreender o mundo por meio de outras linguagens como o desenho, a pintura, a fotografia, o cinema e o vídeo, o teatro, a dança e a música.

Ler para estudar

A leitura é uma das principais atividades de estudo. No ensino fundamental, no ensino médio e no superior, e mesmo em outros cursos que você pode fazer ao longo de sua vida, você terá que ler uma grande quantidade de textos, muitas vezes, terá que ler textos difíceis.
Quando um texto é fácil e interessante para você, a leitura é mais tranqüila, não exige muito esforço. Mas para estudar, muitas vezes terá que ler textos que parecem difíceis e muito chatos. Não se desespere! Há meios de contornar a dificuldade. Com a prática, a leitura vai ficando mais fácil e, no fim, um assunto que parecia chato pode se revelar muito interessante.

Crie interesse pelo texto

Alguns autores conseguem, logo do início de um texto, despertar o interesse pelo assunto que será tratado. Se isso não acontecer, você terá que achar sozinho algo que torne a leitura interessante. Lendo os títulos e subtítulos você pode imaginar o assunto tratado. Faça então algumas perguntas para você mesmo:
Por que será que alguém acha esse assunto importante?
Será que eu já sei algo sobre esse assunto?
Não há nada mesmo que eu tenha curiosidade de saber sobre isso?
Será que esse assunto tem relação com outros que já conheço?
Se você não tiver alguma curiosidade, alguma pergunta na sua cabeça, você não conseguirá mergulhar de fato na leitura. Converse com seu professor ou seus colegas. Alguém pode lhe dar uma pista que torne o assunto interessante, que ajudará você a entender por que é importante ler aquele texto.

A velocidade da leitura

Para você entender o que está escrito é preciso ler com alguma fluência. Se perdemos tempo decifrando cada palavra, quando chegamos no final de uma frase, já esquecemos o começo. É preciso ler a frase novamente para entender seu significado. No inicio da alfabetização, as pessoas lêem devagar e só conseguem entender palavras ou frases curtas. Com a prática, as pessoas passam a reconhecer as palavras cada vez mais rapidamente e vamos ganhando mais fluência na leitura. Assim, podemos compreender várias frases lendo apenas uma vez.
Mesmo quando você já tem alguma prática e consegue ler com fluência, a velocidade da leitura vai depender do seu objetivo ao ler e das características do texto.
A leitura é mais rápida quando:
Você só quer ter uma visão geral sobre o assunto, não precisa se aprofundar.
O assunto é familiar.
As relações entre as idéias expostas no texto são simples, as frases são curtas e diretas.

A leitura é mais lenta quando:
Você quer de fato estudar o assunto, acompanhar passo a passo o raciocínio do autor.
O assunto não é familiar, há muitas palavras que você não conhece.
As relações entre as idéias são complexas, as frases são longas e difíceis.
Use um relógio para fazer um experimento sobre sua velocidade de leitura.

Leitura rápida

Selecione um texto do seu Manual de Estudo ou uma reportagem longa num jornal. Leia o título e os subtítulos, as figuras e legendas das figuras, se houver. Leia a primeira frase dos primeiros parágrafos.
Quanto tempo você demorou para fazer essa leitura rápida? Você conseguiu ter uma idéia sobre o assunto do texto? O que você achou do texto?
Leitura para estudo
Retome o mesmo texto, agora com o objetivo de analisar o assunto, compreender bem as idéias expostas e acompanhar passo a passo o argumento do autor. Agora você não deve se apressar. Se alguma passagem for difícil, leia mais de uma vez. Para fixar as idéias principais, sublinhe algumas palavras e faça anotações à medida que lê.
Quanto tempo você demorou para estudar o mesmo texto?
Você conseguiu apreender mais idéias?
O que você acha do texto agora?

Não há regras quanto à velocidade de leitura, mas se você quer uma referência, considere:
Texto fácil – Mais de 100 palavras por minuto
Texto com alguma dificuldade, texto que você quer entender em profundidade – Menos de 70 palavras por minuto
Guarde as idéias do texto que você leu
Quando você estuda lendo textos, não é preciso que você armazene todas as informações lidas na sua cabeça. Compreender não é a mesma coisa que memorizar. Você percebe que compreendeu um texto quando consegue lê-lo com mais facilidade numa segunda vez, ou quando lê com mais facilidade outros textos sobre o mesmo assunto. Isso mostra que você reteve a nova organização de idéias que a leitura proporcionou.
Mas será que para estudar não é preciso memorizar nada? Quando você precisa retomar às informações depois, como fazer? Quanta informação é preciso reter?
Isso depende dos objetivos da sua leitura. Se você está se preparando para um exame, ou se preparando para escrever um texto ou para fazer uma palestra, você certamente terá que reter algumas idéias e dados para poder utilizá-los quando for se expressar.
Se você acha importante memorizar alguma idéia ou informação, o melhor que têm a fazer é escrevê-la. A escrita é o mais eficiente apoio da memória.
Marcar, sublinhar e anotar são atividades fundamentais quando se lê para estudar. Por isso, é preciso ler com uma caneta ou lápis na mão, além de um caderno onde fazer anotações.

Marcar e sublinhar

Usar um lápis ou caneta para fazer marcas num texto, a medida que você o lê, é uma boa estratégia para manter sua concentração, manter sua mente ativa na busca pela compreensão.
A melhor estratégia é sublinhar palavras-chave, ou frases que sintetizem idéias importantes. Dessa forma, você estará enfatizando os núcleos de significado do texto. Você também pode escrever na margem palavras que sintetizem o conteúdo de um parágrafo.
Quando tiver que retomar o texto, será mais fácil encontrar as idéias ou informações que interessam.
Mas não aprendemos desde pequenos que é proibido rabiscar livros?
Uma primeira regra a ser considerada é que você só pode marcar e sublinhar livros ou textos avulsos que sejam seus. Se o livro for emprestado, se outras pessoas forem utilizá-lo, você não poderá deixar as marcas da sua leitura no texto, pois isso poderá atrapalhar a leitura dos demais. Nesse caso, você terá que fazer suas anotações num caderno ou folha à parte.
Marcar e sublinhar palavras-chave ou frases é uma excelente estratégia para:
Focalizar sua atenção no texto
Fazer você pensar sobre quais são os conceitos e idéias principais
Deixar na página as marcas do sentido que você atribuiu ao texto.


BRASIL. Secretaria Nacional da Juventude. Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária. PROJOVEM. AGENDA DO ESTUDANTE. Brasília/DF: 2005 .



Texto dado pelo Prof. Marco Antonio - História